23.9.12

A fábula pop se despede

Autores de "Cheias de charme" fazem balanço da trama que chega ao fim com Empreguetes juntas de novo e alguns vilões redimidos
Cida (Isabelle Drummond), Rosário (Leandra Leal) e Penha (Taís Araújo)
Estreantes como autores titulares em "Cheias de Charme", Izabel de Oliveira e Filipe Miguez tinham como clara intenção propor novidades no horário das 19h da Globo ao retratar a ascensão de três empregadas domésticas no meio musical. A fábula moderna com pegada pop, que chega ao fim nesta sexta-feira, será lembrada como a telenovela que avançou no diálogo entre a TV e a web.
Parte fundamental da primeira grande virada da trama, o clipe "Vida de Empreguete"- responsável pelo sucesso do grupo formado por Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) depois de vazar na rede - foi disponibilizado na internet antes de ser exibido na novela. Uma das ousadias propostas pela dupla.
"A internet é um personagem nesta novela, é fundamental para a trama. Por isso a estreia do clipe na rede deu tão certo, a história levava para isso. Acho bacana as telenovelas dialogarem cada vez mais com a web, mas cada história tem as suas exigências. No caso de "Cheias de Charme", isso era forte. Se a gente resumisse a trama em poucas linhas, a internet já estaria lá: três trabalhadoras domésticas têm as suas vidas modificadas depois de fazer um clipe musical que acaba na internet", destaca Izabel.

Chayene será punida por tudo o que aprontou
Vilãs e mocinhas

Desde o início, outra intenção da dupla de escritores também foi escrever uma novela em que a câmera pudesse seguir as empregadas para além da cozinha - transformada em cenário principal da trama junto com a casa destas trabalhadoras. E, claro, mostrar a doméstica como protagonista e contar a história a partir do ponto de vista dela. Os autores destacam o cuidado ao retratar o conflito entre patroas e empregadas numa comédia das 19h.

"A maior surpresa para a gente foi a maneira tranquila como o espectador reagiu à nossa abordagem desse tema tão delicado e polêmico. Brinco dizendo que botamos o dedo na ferida e, surpresa, fez cosquinha. Numa novela com três heroínas domésticas em conflito com suas patroas, era quase inevitável haver uma polarização: empregadas-mocinhas/patroas-vilãs. Escapamos disso criando heroínas humanas e vilãs engraçadas. E também dando protagonismo à Lygia (Malu Galli), uma patroa irrepreensível; e Socorro (Titina Medeiros), a doméstica que concentra os principais defeitos da categoria", explica Filipe.

O universo musical dos cantores pop, dos namoros midiáticos, dos empresários e dos shows também teve bastante espaço no folhetim. Sem falar da linguagem que flertou o tempo inteiro com inúmeras referências.

Nesta reta final, as Empreguetes irão se juntar novamente. E voltarão a fazer sucesso. Mas Cida e Penha também darão atenção aos seus projetos pessoais. Apesar de não quererem adiantar muito os finais para "não tirar a surpresa", os autores revelam que grande parte dos vilões irá se redimir. "É uma novela muito assistida pelas crianças, e a mensagem que queremos passar é que as pessoas que aprenderam a lição merecem outra chance", adianta Filipe.

Por isso, até o malandrão Sandro (Marcos Palmeira) irá tomar jeito. A tresloucada Socorro vai perceber que não nasceu para a vida de estrela. Por causa de suas próprias confusões, a carreira da empregada nem chega a decolar. Já a vilã-mor Chayene (Cláudia Abreu) será punida por tudo que aprontou, mas terá um final cômico.

"Ela é adorada pelas crianças e não quisemos fazer nada baixo astral, não combina com a personagem", justifica o autor.



Nenhum comentário:

Postar um comentário